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11/06/2019 14:48


Salamanca do Jarau, o amor do Sacristão por Teiniaguá

      Neste episódio da literatura gaúcha tem algo verdadeiro, ou seja, só o amor dá sentido à vida!
      Vem de um tempo remoto a lenda sobre um moço que era o sacristão que auxiliava o sacerdote nos ofícios divinos no período das Missões. 
      Este auxiliar tinha como aposento uma cela toda de pedra que situava-se nos fundos da igreja na praça da matriz da aldeia.
Numa ocasião, bem no centro do verão, com sol a pino, o moço, devido ao calor, não conseguiu cochilar. Levantou-se todo calorento e foi à margem da lagoa aonde chegou ofegante para a água acalmar o calor. Levava consigo uma guampa de um boi que lhe servia de copo. 
Quando o sacristão viu saindo d’água a Teiniaguá, um mutante entre mulher e réptil sendo que ela transformava em lagartixa com a cabeça vermelhão tipo sangue com um rubi na sua testa que se via de longe.
      O sacristão que os jesuítas diziam que a Teiniaguá compactuava com o Diabo Vermelho, em guarani o Anhangá-Pitã, e pelo espírito maligno tentava os homens, seduzindo-os e arrastando-nos para os precipícios do inferno.
Eis que, por outro lado, o sacristão tinha conhecimento de que a Teiniaguá, jamais tocada por homem algum, era uma mulher de encantos, uma princesa moura, bugra, perfeita, formosa, exuberante, adorável, graciosa, uma musa, sensual, pele clara, olhos meio esverdeados de corpo escultura um florão de guria, cabelos longos, andar de um gingado manso, olhar de formas radiosas, uma “joia rara” que todo o homem de bom gosto sonha e deseja tê-la consigo como companheira e para os propósitos do amor e aquele pelo qual ela se apaixonasse seria feliz numa comunhão eterna. 
Depois destes rápidos pensamentos habil missioneiro, aprisionou a Teiniaguá na guampa e num carreirão adoidado retornou à igreja. Esquecendo-se do forte calor retornou à cela à espera de que o sol poente lhe trouxesse a brisa da noite.
Quando o manto negro se estendeu o moço abriu a guampa e contemplou Teiniaguá. Aí deu-se o acontecimento estupendo onde a Teiniaguá se transformou na princesa, com véus transparentes, que esboçando um lindo sorriso para ele através dos seus lábios cor de pitanga solicitou-lhe vinho. Só existia o vinho canônico e o sacristão roubou desse vinho e num aconchego de amor degustavam bastante vinho e amaram-se numa cama de taquara por duas noites.
Os sacerdotes desconfiaram e quase no fim da madrugada invadiram a cela do sacristão. Como num passe de mágica a princesa bugra,  repentinamente  se transformou em Teiniaguá e rastejando velozmente foi às barrancas do rio Uruguai. O moço aturdido pelo vinho que tomara e inebriado de amor foi preso e castigado, pois cometera um crime contra Deus e a Igreja e teve como sentença morrer no garrote vil (artefato utilizado como instrumento de tortura) em praça pública diante da igreja, pois ele roubado o Sangue de Cristo e bebido em orgia.
Quando dos últimos reparos para a execução e o povo todo reunido em frente à igreja e de lá das barrancas do rio a Teiniaguá percebeu que o seu amor estava em perigo eminente. Então a Teiniaguá foi abrindo galerias na terra fazendo rupturas chegando à igreja no exato momento em que o carrasco estava prestes a aplicar o golpe mortal no sacristão.
Deu-se um enorme estrondo, todas as fogueiras e fornos começaram a soltar uma fumaça com cheiro desconfortável e tudo desapareceu num espesso nevoeiro. 
Quando a claridade retornou a Teiniaguá já havia libertado o sacristão onde fugiram por dentro do rio Uruguai, escondendo-se em São Borja. 
O casal queria viver seu amor sem medos e se refugiaram num local que lhes permitisse segurança, recomeço e beleza para viver seu grande amor. Foi então que foram para o Serro do Jarau onde descobriram uma caverna funda e extensa, em uma fenda, furna que, tornou-se uma espécie de gruta mágica conhecida como a Salamanca do Jarau. No local existe uma energia única, onde todos os sentimentos de amor e amizade se solidificam.        
Lá no serro tudo o que é pedido em nome do amor é alcançado ou fortalecido. 
Foi daqui, segundo a lenda, que na Salamanca do Jarau, da união de Teiniaguá com o sacristão nasceram os primeiros gaúchos do Rio Grande do Sul, aquele tipo primitivo, o nosso semi-bárbaro, o gaudério, o gaúcho do campo, amante da natureza, com amor pátrio pela terra. 
Cerro do Jarau é localizado no município de Quaraí, formação rochosa de grande valor arqueológico. O sítio vem sendo estudado deste 1997, definido como Sítio RS Q 17 Estância Velha do Jarau.
O cerro do Jarau é formado por uma cadeia de morros com aproximadamente de 200 metros de altura. Tal elevação destaca-se no pampa gaúcho devido à sua altitude fora dos padrões locais. 
Visto da Terra, dificilmente poder-se-ia identificar tal detalhe. Na verdade, o que se vê não é a cratera cavada pela violência do choque, mas suas bordas, que se elevaram como as ondas formadas pela queda de uma pedra em uma piscina. E nem as bordas se encontram tão bem preservadas como já foram um dia. Ao longo de milhões de anos, o vento, a chuva e a movimentação da superfície do planeta corroeram as bordas do Jarau deixando os morros com os 200 metros atuais. Rochas formando um anel de 3,5 quilômetros de diâmetro marcam a região mais central da cratera, onde possivelmente ocorreu o choque.
Através das amostras de rochas colhidas ao redor, foi possível identificar, através de modernos métodos de avaliação, que tais minerais somente poderiam ter sido formados através de pressões e temperaturas altíssimas, tais como as geradas pela queda de um corpo celeste. A formação rochosa foi formada provavelmente a 117 milhões de anos", se observado por cima é um grande circulo de pequenos morros.
Versão Escritor João Antunes poeta, historiador e compositor 
Site: Salamanca do Jarau, o amor do Sacristão por Teiniaguá

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