Neste estágio atual da vida contemporânea quando vejo meu filho de apenas três anos com incrível habilidade para manusear tablets e smartphones assistindo e brincando com joguinhos infantis e logo o mercado estará oferecendo óculos de realidade virtual, num aspecto, sinto-me feliz pela oportunidade que ele tem, embora com o nosso controle sobre o que ele assiste, dele ter este acesso à tecnologia que não havia quando eu era criança e, por outro lado, paira-me uma preocupação para que ele não perca o legado daquilo que eu vivi e brinquei na minha infância em plena consonância com o mundo dentro da educação familiar daquela época.
Haja vista que os meus primeiros sete anos de vida foram vividos no interior de Bossoroca e minha família originária de pequenos produtores rurais, naquele tempo, não dispunha de muitos recursos financeiros, os nossos brinquedos eram rústicos como o gado de osso, carrinhos com latinhas de sardinha e carretel de linha. E as brincadeiras constituíam-se basicamente de pega-pega, esconde-esconde.
Mesmo na cidade de Bossoroca, recém-emancipada, não havia muita opção para a compra de brinquedos, pois o comércio era incipiente.
Quando meu pai construiu uma casa na cidade lembro-me que no transporte da mudança foi a primeira vez que andei num veículo motorizado, que foi um caminhão F-600 de propriedade de Vicente Lena. Logo conheci outros meninos, mas os brinquedos eram quase os mesmos lá do interior acrescidos das bolas de gude onde bolas de gude referem-se às pedras lisas do leito dos rios, ou seja, as bolitas, que existem desde a Roma Antiga, onde quando criança fui colecionador, pois tinha as multicores, as leitinho, as argentinas e as maiores que eram os carretões e a gente, para preserva-las costumava enterrar. Tive um primo chamado Odil Antunes que morreu afogado numa enchente de uma restinga que foi o melhor jogador de bolitas de Bossoroca. Tínhamos pandorga (sem o “cerol”), pião que chamávamos de piorra, bolas de meia, pernas de pau e pistolas feitas com taquara e frutas de cinamomo. Não tínhamos jogos de tabuleiro. Fui dono de vários estilingues que chamávamos de bodoques e até hoje arrependo-me dos passarinhos que matei. Bodoque era um brinquedo perigoso, pois dei e levei pedradas nas rusgas com a garotada. O bodoque é de origem árabe. Em Portugal e na Espanha o bodoque foi usado como uma espécie de arma de guerra antes da invenção da pólvora, que foi descoberta no Século I, na China. Aos oito anos ganhei o primeiro brinquedo comprado em loja que foi um automóvel Sinca nas cores verde e branco, que me foi presenteado pela minha estimada madrinha Dinorá Antunes. Brincávamos na sanga do Severiano Bonfim, na queda d’água batizada de Cascata do Carijó e, mesmo sendo proibido, nadávamos no açude do Tio João Manoel Nascimento Antunes. Às vezes, jogávamos peteca onde peteca na língua Tupi quer dizer Pe´Teka, ou seja, “bater”. No verão fazíamos brincadeiras para ver quem pegava mais pirilampo (vaga-lumes) num vidro sempre sob as ordens do meu pai e da minha mãe para que ao final da brincadeira soltássemos os bichinhos luminosos. Mais tarde ganhei um biboquê, tive um ioiô (brinquedo muito antigo que não se sabe ao certo a origem se foi na Grécia, China ou nas Filipinas onde o mais antigo que se tem notícias data de 500 anos A.C.). Comprei um pega-varetas e também compramos bolas para o futebol no campinho à margem do Corredor das Tropas perto da Unidade da Coopatrigo. Vale lembrar que a bola, esta que é usada no futebol no mundo inteiro, veio para o Brasil através do desportista, árbitro e dirigente e “pai” do futebol Charles William Miller, nascido em 24-11-1874 e falecido em 30-06-1953, filho de John d’Silva Miller e de Carlota Antunes Fox.
Com a chegada da adolescência e o tempo de trabalhar não experimentei outros brinquedos oferecidos pelo comércio bem como não incorporei à febre dos videogames.
Portal: Escritor João Antunes poeta, historiador e compositor
Facebook = João Carlos Oliveira Antunes
Bossoroca (55) 9999-42970 joaoantunes10@terra.com.br Portal: Escritor João Antunes poeta, historiador e compositor
Facebook = João Carlos Oliveira Antunes
Bossoroca (55) 9999-42970 joaoantunes10@terra.com.br
Vídeo: Batalha de 7 e 10 de Fev Morte de Sepé
Site: Inácio de Loyola - Primeiro Jesuíta;
Site: Origem da Cruz Missioneira;
Site: Reduções Jesuítitas – RESUMO - 1º E 2º Período
Site: Morte dos Caciques Sepé Tiaraju, Nicolau Ñanguirú e 1511 indios
Site: Gravataí a mais longínqua Redução;
Site: Pedra Itacuru, Pedra Cupim ou Pedra Missioneira